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Despedindo de Lumiar

Não existe lugar nenhum no mundo que se compare a Lumiar. Guardo no peito e na alma os maravilhosos momentos que vivi lá.

Lumiar para mim tem o gostinho da infância. Tem cheiro de roça. Tem eu menina brincando no quintal de casa. Lá tenho tudo que preciso: uma casinha, um fogão a lenha, um jardim imenso, fruteiras e muita paz.

Não existe céu mais lindo; tanto faz, de dia ou de noite. As noites de lua cheia são maravilhosas, mas naquelas em que está tímida há tantas estrelas que nos fazem sonhar. Quem lembra da três marias? Da estrela Dalva?
E quando chove, que delícia. A chuva caindo fazendo aquele barulhinho quando cai no chão, eu e Nelson corremos para a varanda para ver a chuva, pode? Quando é de noite e chove, que maravilha para dormir.

E a água, falo sempre, quando toda água do planeta acabar pode ir lá, vai ter água de sobra. A que chega na minha casa é de nascente, que delícia... limpinha, limpinha. A gente usa filtro de barro. E é muita água, tanta que tem uma força incrível, e nunca falta.
Falando da água não podia deixar de falar dos rios e cachoeiras. Os rios são limpíssimos e geladérrimos. Dando um mergulho no rio você lava o corpo e a alma. A paisagem é linda, com cachoeiras, rios sepenteando o vale e muita floresta.

O que mais amo é a população, aquela que nasceu e foi criada lá, de preferência os mais velhos, que trazem na sua alma, a alma cabocla. Pessoas solidárias, carinhosas, respeitosas e trabalhadoras. Não existe um pedacinho de terra, nem mesmo uma nesga sem plantar. Eles plantam verduras e legumes, banana, caqui, tangerina, lima da pérsia, limão, laranja lima e outra frutas, como pêssego e pera. Fazem queijo, chouriço, matam porco, criam galinha, tudo basicamente para consumo próprio. Trabalham com vontade.

Em quase toda casa tem um fogão a lenha e quando saímos à tardinha sempre vemos a fumacinha saindo sobre as casas, isso me remete aos meus pais, avós... Choro de emoção. Lindo, muito lindo.

O clima é completamente diferente, é bem mais fresco do que aqui em Niterói. No verão, quase nunca precisa de ventilador, é só deixar a janela aberta e o melhor, sem susto. De dia se está muito calor ao sol é só ficar embaixo de uma árvore ou entrar em casa que fica uma delícia (ou dar um mergulho no rio).
No inverno a coisa fica meio esquisita, a temperatura baixa bem, já pegamos lá em torno de 5 graus. Eu adoro, de noite parece que a gente descansa bem, e sentir aquele friozinho é uma gostosura. Se está muito frio temos uma lareira na sala e um aquecedor para o quarto, ou tomamos um cachacinha e pronto, o frio vai embora.
Acordar de manhã e ver aquela névoa é lindo e quando o sol bate nas plantas elas parecem que sorriem para ele.

Ainda tem mais. Temos lá grandes amigos, amigos que fomos levando (alguns nos levaram) e acabaram ficando. Estamos todos apostando numa aposentadoria, e lá. Quando uma viola aparece, que festa, muita cantoria, muita risadaria, muita vida alegrando os nossos corações.
O que quero da vida? Morar em Lumiar com meu companheiro que a vida me presenteou, meus amigos, meus discos, livros e nada mais (e internet, que ninguém é de ferro).
Até Lumiar, eu volto.

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