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NAMORAR... À MODA ANTIGA


Relendo as nossas cartas, mergulhei no baú das nossas recordações. Eram cartas de amor tão ridiculamente carinhosas que nem Fernando Pessoa conseguiria escrever melhor. Quanto carinho, quanto amor, quanto desejo naquelas palavras.

Todo meu namoro e noivado foram por carta. Morávamos distante e estávamos envolvidos demais em nossas vidas. Ele fazendo Engenharia em Niterói e eu fazendo Matemática em Itaperuna.

Lembro-me da emoção da espera destas cartas e da alegria quando uma chegava. O carteiro já vinha sorrindo de longe quando me via. Depois o pai se aposentou e o filho, também carteiro as entregava. Pena que não lembro o nome deles. Fomos cúmplices, os carteiros e eu.

Todas são lindas até aquelas que só brigávamos. Tivemos dois períodos de namoro intercalado por um ano que não nos víamos e nem nos falávamos, mas nos amávamos a distância. Releio o retorno,  a minha insistência em salvar aquele amor tão lindo.

E depois as cartas mais lindas do universo em que o amor que sentíamos realmente tomou corpo, estávamos mais maduros e por fim o noivado, a descoberta do telefone como meio de comunicação e o casamento.

Que lindo!!!! Elas têm que ser publicadas... É o retrato de uma época e de um amor que vive mesmo depois de passados 30 anos.


Todas as cartas de amor são ridículas 

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas).
Álvaro de Campos/ ( Fernando Pessoa)

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