Pular para o conteúdo principal

Meu afilhado Alexandre







Meu pequeno menino já nasceu marcado pela vida.

Conheci o Alexandre quando ele estava com 8 meses na seguinte situação: Sua mãe, que foi amiga da minha filha no ensino médio, mas há muito não se viam e por isso não descobrimos o problema logo de imediato, estava com a mãe, portanto a avó do Alexandre muito doente, e infelizmente uma doença muito rápida e inesperada porque foi câncer no cérebro.

O Alexandre e sua mãe estavam em casa e avó no hospital e a mãe dele sem meios de ver sua mãe porque não tinha com quem deixar a criança.

Minha filha soube da situação por terceiros e foi a casa dela para se colocar a disposição para o que precisasse e a amiga pediu que tomasse conta do menino para ela poder ir ao hospital e como minha filha não tem experiência com crianças pequenas o trouxe para nossa casa.

Assim começou esse amor incondicional que a família toda tem por ele.

Alexandre chegou aqui em casa muito carente de carinho já que a família dele estava vivendo um drama. Nós todos demos há ele muito mimo e carinho.

E o danadinho me conquistou quando o colocaram no meu colo, eu estava deitada no sofá da sala, ele ficou ali quietinho abraçadinho comigo e aconchegado ao meu coração. Assim ficou até dormir.

Foi um amor incontrolável e lindo. Apaixonei-me por ele e ele por mim.

A paixão pelo moleque foi unânime aqui em casa e olha que eu tenho uma família grande.

Maria virou mãezona, adora brincar com ele e tem uma paciência de Jó. Júlia ama-o tanto quanto ama a todos nós. João Pedro é com quem ele gargalha e implica, é lindo vê-los juntos. Ana protege e ajudou muito. Nelson ama-o muito e só se tratam de “amigo”. Nós viramos a família dele e ele já faz parte da nossa.

Nós o conhecemos em junho e a avó dele morreu em outubro, foi difícil para a mãe dele, principalmente na parte financeira.

Viramos assim, a família dela e dele, já que eles não têm a quem recorrer e só uma tia de parente cheia de problemas também.

E o pior que o danadinho tem uma alergia alimentar terrível que já o levou ao hospital e a fazer um tratamento no Fundão. E nós com ele.

É alergia a lactose e a tudo que contem leite. Teve uma época que ele só comia arroz, chuchu e peixe. Terrível, não é?

Com o amor nosso e da mãe, ele sobreviveu a tudo e hoje ainda com alergia alimentar, mas com a alimentação bem mais livre, adora biscoito recheado, daqueles bem baratos que é o que ele pode comer porque não leva leite. Não é só isso, ele também tem uma alergia respiratória que se não correr para o médico logo vira uma bronquite.

Ele, o meu menino, é um sobrevivente.

Tenho a certeza de que a avó dele nos escolheu a dedo para ajudá-lo e tenho plena consciência que essa é minha missão: ajudar a mãe a criá-lo e dar a ele as mesmas oportunidades que dei aos meu quatro filhos.

Deus é muito bom, conhecemos o Alexandre e dois meses depois saiu minha licença-prêmio e depois minha aposentadoria que está a caminho.

Tornamos-nos, eu e Nelson, padrinhos do Alexandre e também seu suporte emocional e físico. Ajudamos em tudo que podemos.

Até agora fizemos o possível e o impossível para a mãe ficar com ele, ajudamos financeiramente no que precisavam e demos toda a assistência emocional e presencial de família.

Ela já tinha 25 anos, não trabalhava e é mãe solteira, e o dinheiro ficou cada dia mais difícil. Precisou trabalhar. Não ficou com pensão da mãe porque era maior de idade. O também já tinha morrido. A irmã, que era menor, ficou com as pensões do pai e da mãe, mas elas não se entendem e isso gerou infinitos problemas até que desistimos de entender e só ajudamos.

O pai do Alexandre já estava na justiça para reconhecimento de paternidade e foi longo esse processo. Só depois de 2 anos do seu nascimento é que saiu o reconhecimento. A pensão dada por ele é pequena e não faz frente aos gastos da casa.

A mãe, que tinha se especializado em teatro e dança tentou ir por esse lado, mas é difícil, não se consegue assim tão fácil e por fim ela desistiu.

Afinal, tem que amadurecer algum dia, não é?

Enfim, o pai não vê o filho e a mãe, que tem muitos problemas, estava desgastada emocionalmente e descontava no menino.

Começou então com problemas na escola.Alexandre já com 3 anos era o terror da escola, tenho que relatar aqui que por motivos alheios a minha vontade tive que me afastar por um mês do convívio com eles e nessa época também o pai que o via de vez em quando, parou de ver.

A cabecinha do menino entrou em parafuso e não agüentou.

Descobri esse problema quando ele novamente vinha aqui em casa aos sábados e notava-o meio pirracento e brigão. Tudo emburrava mesmo adorando ficar conosco. A mãe preocupada começou a comentar comigo o problema que estava tendo com ele em casa e na escola.

Um terror, menino problema.

Tomei a liberdade então de ligar para escola e falar com a diretora. O que ela me relatou, assustou-me. Ele não era mais o mesmo menino doce que todos adoravam e acarinhavam. Tinha se tornado pessoa “non grata” de chegar ao ponto de bater nas professoras e falar palavrões.

A diretora então, disse-me que chamou a mãe e falou que ele tinha que ir para um psicólogo. Fiquei muito preocupada.

Fui à casa da mãe e propus uma nova estratégia: eu ficaria mais tempo com ele e veria se o comportamento melhoraria, senão melhorasse aí então veríamos o que fazer.

Disse a ela para arranjar um emprego que desse a ela garantias de criar seu filho e que eu tomaria conta dele por 5 anos.

Dependendo do emprego ele moraria comigo desde que ela assumisse o compromisso de que ao final desse tempo ela estaria apta a pagar suas contas e criar seu filho.

Ela topou, chorou muito, pediu-me que não o deixasse esquecer-se dela e que iria tentar.

Sei que é difícil para ela e que ele é a razão do viver dela, mas a vida não nos mostra só o lado bom. É penoso crescer e ser independente. Espero que agora ela tenha a convicção disso.

Aquele tempo que dei na vida deles do qual falei lá atrás foi exatamente para isso, para ver como ela reagiria sem ajuda e infelizmente foi terrível para o meu menino.

Agora ele fica a maior parte dos dias comigo, inclusive sábado e domingo e quando a mãe tem folga do emprego fica com ele.

Ele está feliz. Voltou a ser na escola aquela criança doce e meiga.

Aqui em casa, que agora é a casa dele, ás vezes faz umas pirraças estranhas, fica com uma raiva muito grande e fala como se fosse um adulto. Joga tudo no chão, grita comigo. Assusto-me quando ele começa, mas com paciência e determinação sei que ele logo, logo acabará com isso.

Ele tem que sentir-se protegido e amado até na hora de levar umas palmadas.

O caminho é longo, sei que é difícil. Espero que a mãe não queira morar com ele de novo mas se quiser que seja na paz.

Estou comprando livros sobre a criação de crianças, lendo e dando para ela ler. Ele é filho dela, mas eu estarei sempre por perto.

Eu amo o meu menino. Ele precisa muito de mim e do meu amor.

Comentários

  1. oi Luciane, tenho certeza que essa ligação vem de outras vidas.Vocês estão resgatando alguma pendência, com esse amor inexplicável e incondicional.Nada é por acaso, tudo está no seu devido lugar. Você já imaginou como a vida seria diferente sem o ALEXANDRE? Ele é o complemento da felicidade que faltava na vida de todos vocês. Um velho afeto que retornou ao seu seio familiar. Os laços são eternos!!! Bjs para todos vcs...ANDRÉ

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Amigos,
Comentem se tiverem vontade, eu responderei dentro do possível

Postagens mais visitadas deste blog

Ninho de Guaxe(o)

Estávamos em Lumiar, meu marido e eu, quando tomamos conhecimento desse pássaro, primeiro porque existe uma cachaceria e loja com esse nome e depois porque fomos tomar banho de piscina de água natural em um lugar( na Luci) que tem um ninho desse exposto. Ficamos admirados com o trabalho artesanal do tal do bichinho. Um dia estávamos na nossa casa debaixo das árvores quando vimos um bando de pássaros voando. Todos eram pretos e com rabos amarelos, ficamos extasiados e felizes com tamanha beleza. Não é um pássaro pequeno e as penas do rabo pareciam um leque. Fomos caminhar e que surpresa tivemos quando vimos um monte, um monte mesmo de ninhos em uma árvore altíssima e todos na beirinha dos galhos. Ficamos observando e vimos quando um desses pássaros  entrou em um deles. Descobrimos então, o pássaro que nos encantou primeiro pelo seu ninho: o Guaxe GUAXE Cacicus haemorrhous  (Linnaeus, 1766)   Família: Icteridae Nome em Inglês: Red-rumped Cacique AMEAÇAS: Por ser uma av

Godero, Vira-Bosta, Chopim

Lá em Lumiar num belo dia de sol apareceu um espetáculo da natureza, um entre tantos....Um pássaro enorme todo preto, quase do tamanho de uma pomba que tratavam por Godero.. A fêmea dele, na época de cria expulsava provisoriamente uma fêmea do tico-tico de seu ninho e lá colocava seus ovos, muito diferentes dos da mãe adotiva imposta pela verdadeira. Eram arroxeados e maiores. Mas a tico-tico chocava-os assim mesmo. Ao fim da ninhada eu presenciei uma cena inusitada um filhote todo preto enorme, muito maior que sua mãe correndo com bico aberto e esfomeado atrás da tico-tico a exigir impiedosamente alimento. A mãe, desvairada, corria assustada de seu estranho filho. Não havia alimento que satisfizesse aquele filhote!!! Suponho que a mãe biológica do godero deveria estar num topo de árvore qualquer rindo muito da cena Muito parecida com a graúna, sendo um pouco menor e longilínea, sem o aspecto atarracado da última. O brilho metálico da plumagem negra do macho ajuda na identificação

Uma árvore tão bonita mas tão mortal

Espatódea ou Bisnagueira A bisnagueira ou tulipeira-do-gabão ( Spathodea campanulata ) é uma árvore da família das Bignoniaceae, sendo a única espécie do seu gênero botânico. Esta árvore atinge de 7 a 25 metros de altura, e é nativa da África tropical. É utilizada com freqüência como planta ornamental em zonas tropicais e é muito apreciada pelas suas vistosas flores campanuladas de cor vermelho-alaranjada, rubras ou, mais raramente, amarelas. Em condições favoráveis, a espécie é potencialmente invasiva. Tem raízes pouco profundas e são relativamente freqüentes os casos de queda de galhos (podres), fazendo com que esta árvore não seja uma boa opção em centros urbanos. O botão floral em forma de bisnaga contém água. Estes botões são usados em brincadeiras das crianças tirando partido da sua capacidade de esguichar o líquido (chamam-lhe por isso xixi de macaco ). A seiva provoca manchas amarelas nos dedos e na roupa. As flores abertas têm uma forma de taça e retém a hu