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Os colégios que trabalhei....

Como foram importantes para a minha vida os colégios que trabalhei. Foram só três, o Colégio Estadual Marechal Deodoro da Fonseca em Itaperuna, o Colégio Estadual Cândido de Mello Leitão no Rio de Janeiro e o Colégio Professora Alcina Rodrigues Lima em Niterói, esses estaduais. Trabalhei também no Centro Educacional de Niterói, que era particular.
No Marechal Deodoro trabalhei somente por seis meses, porque quando fui chamada para ingressar no magistério estadual, depois de um concurso, já tinha casado e morava no Rio de Janeiro, meu pai que era diretor de escola, com sua influência no meio, conseguiu me transferir por uma permuta.
Nessa época eu morava na Tijuca e era casadinha de pouco. Duas vidas começando.


Fui então para o Colégio Estadual Cândido de Mello Leitão situado na Penha, dentro espaço da Sociedade Nacional de Agricultura, onde fica a antiga escola Escola Venceslau Bello no endereço Av. Brasil, 9727 - Rio de Janeiro eram dois prédios emprestados ao estado e aí funcionava a escola.
É um espaço lindo com muito verde e a escola era bem lá no meio da mata e quantas e quantas vezes eu e a professora Hylma íamos de cabo de vassoura na mão porque uma das meninas dizia que tinha um homem desconhecido escondido no meio do mato. Nossa... Quanta recordação!
Eu era uma menina de 20 anos e já trabalhava com o ensino médio, tudo o que aprendi devo a esses professores dessa escola e desta época. Professores que levarei no meu coração: João Carlos Ribas (diretor), Hylma minha mentora e minha mestra, Carmem Lúcia, minha amiga, Leny Gonçalves, minha grande amiga também, prof. Luiz antônio, Sonja, Wilson, Aderbal, Emília, a inspetora Berenice..., tantos amigos. Que saudade!!!
Nessa época já tinha duas das minhas filhas e lembro-me uma vez que ao abrir a escola, numa manhã de segunda-feira, saiu lá de dentro um gato muito zangado que tinha ficado preso lá dentro o final de semana inteiro e estava morto de fome, neste dia meu marido tinha me levado de carro e nós tivemos que ficar dentro do carro e ele no vidro da frente em cima do capô do carro furiosíssimo até que desistiu e pude abrir a escola.
Esse espaço era e é lindo e vale a pena conhecer e hoje funciona a Fagran, uma faculdade.
Quando o sambódromo foi inaugurado, em 1984, passamos a escola toda para o setor 3 da Avenida dos desfiles que é na Rua Marquês de Sapucaí, no centro do Rio de Janeiro. Só tínhamos alunas, pois era um colégio de formação de professoras.
Era delicioso trabalhar naquela escola com a infra-estrutura dado pelo governo.

Se queimava uma lâmpada era só ligar que eles imediatamente vinham repor...
As meninas que trabalhávamos eram maravilhosas, colégio pequeno com todo mundo unido.
As festas juninas eram lindas, na quadra de esporte, com todos participando. Era um sonho muito bom, mas eu nessa época já tinha três filhas e morava em Niterói e era difícil para eu fazer esse percurso todo dia.
Não tínhamos nenhum parente morando perto da gente e eu só contava com a empregada e com meu marido, que, diga-se de passagem, um companheiro e tanto.

Mas nem sempre as ditas cujas chegavam no horário para eu sair. Era um dilema. Resolvemos colocar as meninas em horário integral e depois de muito procurar encontramos a escola dos nossos sonhos. Excelente escola, horário integral e aí sim, tivemos paz para trabalharmos porque sabíamos que elas estavam em boas mãos. Só que era muito cara e eu então para amenizar um pouco, resolvi tentar lecionar lá e graças a Deus, consegui.
Era puxado!!! Nossa, chegava à casa morta e as meninas com todo o gás.
Mesmo com tanto desgaste resolvi voltar à faculdade mais por necessidade do que por prazer, então trabalhava o dia inteiro, organizava a casa e a noite ia para faculdade.... Que período difícil!
Meu marido, meu grande companheiro sempre ao meu lado, tem muito que agradecer a ele: a paciência, a dedicação e o amor que me dedicou e a nossa família.
Lembro-me bem que para eu sair para a faculdade tinha que esperar ele chegar e coitado sempre correndo, a ponte sempre engarrafada e eu esperando em casa, às vezes com prova na primeira aula, que era às 18h30min. Não tinha celular, não sabia onde estava, mas quando ouvia o barulho do elevador parando no meu andar já saía porta afora porque era ele, graças a Deus. Dávamos um beijinho e saía correndo, lá ia eu até as 10h00min h.... Chegava a casa. Cansada, ele estava me esperando, cansado também e só aí íamos nos ver, nos falar e nos amar.
Para ver se melhorava um pouco resolvi dirigir e lá ia eu com a cara e a coragem.
Agora em contato com uma ex-aluna ela disse-me que eu reclamava demais e que tinha um fiat 147 velho que freqüentemente enguiçava na ponte....era dureza.
Em 1990 fiquei novamente grávida e a vida ficou mais difícil. Estava feliz por mais um filho, mas fomos pegos, eu e meu marido, desprevenidos, mas foi muito bem vindo e amado. Quando vimos na ultrassonografia que era um menino quase morri de felicidade, era o meu sonho ter um menino.
Grávida com três filhas, trabalhando o dia inteiro em Niterói e no Rio de Janeiro, fazendo faculdade à noite, se já estava difícil imagine agora.... Mas Deus foi bom comigo e eu dei conta de tudo, é claro, que com a ajuda do meu super-homem.
Terminei a faculdade em dezembro de 1990 e meu filho nasceu em abril de 1991.

O ano de 91 foi dureza da braba mesmo, filho pequeno, crianças crescendo e eu ainda trabalhando muito.
Meu filho nasceu com problemas de intolerância à lactose e com isso passava muito mal e eu tinha que faltar na escola particular.
No Mello Leitão eles me conheciam e sabiam do meu potencial de trabalho era mais fácil, me deram somente um dia inteiro de trabalho. Então em um único dia cumpria minha carga horária e nesse dia meu marido se desdobrava.
Meu filho continuava com problemas, ficou internado e eu faltando por motivo justo, mas na escola particular isso não importa. O que importa para eles é que não falte e não adoeça e eu infelizmente, não podia fazer nada e também já estava esgotada. Cansada mesmo.
Infelizmente por esse motivo, no colégio particular, no fim de 1991 fui mandada embora.
Tem males que vem para o bem, foi difícil, mas demos um jeito.
Continuava no Mello Leitão e morava em um apartamento pequeno em Icaraí, resolvemos comprar um maior, mas o dinheiro não dava. Então resolvemos ver mais longe e uma casa já que tínhamos muitos filhos.

Mudamos então para Itaipu e aí ficou mais difícil para eu ir trabalhar no Rio sem falar que agora, o dinheiro estava curtíssimo. E a escola de graça para as crianças tinha acabado.... Agora o sufoco de grana era enorme.
Com muito pesar e tristeza resolvi pedir transferência em 1994 para o Colégio Estadual Professora Alcina Rodrigues Lima.
Encontrei lá uma escola imensa com muitos alunos, barulhenta demais, outra infra-estrutura uma escola difícil de trabalhar.
Colocaram-me para trabalhar com a 5 ªsérie e eu nunca tinha trabalhado com série baixa só ensino médio. Foi difícil, não conhecia os professores, eram bem impessoais, outro tipo de relação. Com os alunos tinha bom relacionamento e fiz um excelente trabalho, apesar de ter que estudar junto com eles, mas a vivência do CEN serviu para alguma coisa e trabalhei muito com o construtivismo e deu super certo. Tudo intuitivamente já que não tinha ninguém para orientar.
A direção foi vendo o meu trabalho que era sério e competente e já no segundo ano estava na 8ª série e depois finalmente no ensino médio daí para a série final do ensino médio foi um pulo e lá fiquei 15 anos.
Os colegas foram me conhecendo e fui fazendo amizades que guardo até hoje no meu coração.
Com o aperto financeiro fui fazer na escola o RET que era trabalhar como se tivesse outra matrícula. Trabalhei como dois professores e até como três para melhorar o orçamento, mas já perto de casa e as crianças crescendo e aqui achei uma segunda mãe, minha auxiliar de serviços domésticos que está comigo há 17 anos exatamente o tempo que moro aqui.
O Colégio não tinha festa de formatura e simplesmente os alunos do último ano do ensino médio iam embora e não tinham uma despedida e eu ficava triste com isso.

Lá no Mello leitão tinha festa de formatura, festa do Adeus, solenidade religiosa e eu sabia que eles adoravam essa parte e mereciam por ter chegado até ali. Era importante para eles e para a família que lutou junto com eles para que chegassem aonde chegaram. Era uma vitória.
Encontrei então uma companheira destemida e corajosa como eu, Denise Bibiano e começamos a fazer uma festinha pequena, batendo de frente com a direção, que não queria.
Todas as séries finais, tanto as da manhã como as da noite estavam comigo, eu era a professora. Era fácil, portanto, para mim, articular estas festas....
Começamos pequeno, mas depois de alguns anos já estava tão grande que não dávamos mais conta, contratávamos bufes e a comissão de formatura arrecadava dinheiro para tal, tudo sob a minha batuta. Confesso que nem todas foram boas, mas eu dei o máximo de mim e tenho certeza de que a Denise também.
A direção foi mudando e nós lá, eu e a Denise, até que cansei. Já estava doente, com uma hérnia de disco e não agüentava mais. A escola continuou fazendo a festa e graças a Deus continua até hoje. Os meninos merecem.
Tudo ficou bem e hoje já posso me aposentar, trabalhei 29 anos nessa profissão por amor, o processo já está correndo.
Meus filhos criados, a minha filha mais velha hoje é Engenheira Civil, a segunda é Arquiteta, a terceira forma ano que vem em Arquitetura e todas elas em universidades federais.
Agora só me resta o meu filhote que tem 17 anos e fará vestibular esse ano e quer também engenharia, vamos ver, precisa de um empurrãozinho em forma de briga da mãe, mas tenho certeza de que vai conseguir.
Considero-me hoje uma vencedora, depois de tanta luta, tenho uma família linda, estruturada, feliz e tenho ao meu lado até hoje o homem que amo. Meu grande companheiro. E olhando para trás vejo que lutei muito, mas não foi em vão.
Portanto, meu Deus, obrigada por tudo. Pela força, pelo puxão de orelha na hora certa. Por tudo mesmo e até pelos sufocos.

A vida continua e Deus ainda reserva uma grande missão para mim, o Alexandre, nos próximos capítulos falarei sobre ele.

Comentários

  1. Ah, professora Luciani...Quão grande não foi a comoção em ter te reencontrado...
    Como o seu profissionalismo, sua dedicação, seu exemplo, foram de suma importância para a minha decisão em realmente me tornar educadora.
    Saiba que mesmo de longe, o carinho que tenho por ti sempre perpetuará.Pois é de profissionais com seu nível,com seu carisma que o Brasil necessita.
    Creia que você serviu de exemplos pra muitos que passaram por suas angelicais mãos!!!!
    Deus te abençoe!!!
    Roberta Robaina

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  2. Boa noite, Luciani senti uma imensa emoção ao ler a sua página sobre sua passagem no colegio estadual Cândido de Mello Leitão. Principalmente quando você relatou detalhes daquele lugar maravilhoso e citou os nomes de alguns professores com os quais eu convivi também e o querido diretor prof Ribas.
    Meu nome é Denise Balloussier e me formei no ano de 1980, gostaria de que continuassemos nos comunicando, deixarei meu e-mail para voçê possa entrar em contato e assim trocarmos detalhes e lembranças daquela época maravilhosa. Abraços.
    Deniselimab@gmail.com

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  3. Q maravilha Luciani!!! Nunca imaginei q pudesse encontrar alguem do "Camelleitão"(era assim q chamavamos rsrsrs) depois de muito tempo. Meu diretor bonitão Ribas(causava muitos suspiro entre a moçada);minhas amadas prof. Leny,Sonja,Emilia, Carmem e ... q saudade...gostaria muito de manter contato, pois faz bem boas lembranças.Meu email juvenve@hotmail.com
    Abraços Jupira Ventura

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  4. Ola, tudo bem? Eu estudei no Colégio estadual Cândido Melo Leitão e me formei em 1986. Estou precisando urgente do meu diploma e não sei mais como encontrar esta escola. Poderia me informar como faço? Obrigada!! Por favor me envie informações no meu email: maura.gomes@gmail.com

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  5. Oi Maura, Infelizmente não tenho te ajudar. Sei que Mello Leitão não existe mais. Acredito que você tenha que ir a SEEDUC, secretaria de educação.
    Dando uma rápida procura pela net achei esse site espero que te esclareça alguma coisa.
    http://www.rj.gov.br/web/seeduc/exibeconteudo?article-id=575517
    beijos,
    Luciani

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  6. Boa Noite querida. Infelizmente não lembro de você, mas estudei na Penha e logo depois no sambódromo. Lembro bem da professora de Música - Carme, professor Elton de português, o diretor Ribas, o professor de matemática Bessa e a professora Raquel de História, que tive o prazer de rever ano passado com outras amigas de sala de aula.
    É sempre bom saber que outras pessoas tem boas lembranças da nossa escola. Abraços. Nilda Cardoso
    email: adlingoes@hotmail.com

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  7. Bom dia, Sra Luciani!
    Já repassei o mesmo teor dessa mensagem para algumas,creio, ex alunas acima...
    Chamo-me André....
    Peço inicialmente desculpas por a cessar a conta do vosso blog para contacto, sendo eu um desconhecido!!
    Serei breve.
    Muitos anos atrás,tinha eu 14/15 anos, ouvi uma música chamada "PODER DO POVO", composta por uma aluna, na época que ainda existia o colégio Estadual Cândido Melo Leitão, de nome Jacilene (a) ( não sei o restante), num festival feito lá, através de um grande amigo, do qual participava por um outro colégio...
    Como a data em que estudou nesse colégio coincide com a tal época....,pergunto se não a conheceu ou lembra dessa garota (na época) que era dona da música,ou até mesmo de algum festival ocorrido nesse(s) período(s)??
    Hoje vivo em Portugal,faço parte de uma banda de Soul, Blues e Jazz,,,enfim...e gostaria de manter contacto com ela,a Jacilene (A),pois, gostaria de gravar a música com outra sonoridade!!
    Porém, gostaria da permissão dela para tal efeito.
    Caso tenha contacto, saiba o nome todo, peço por gentileza que se possível for, possa fornecer-me...ficarei muito grato!!
    Adoro a música...mudou a maneira daquele menino tímido de ver o mundo!!
    Não acho de bom tom,gravar sem a autorização do autor...também componho e ficaria muito decepcionado por tal!!
    Desde já meu muiiiito obrigado!!
    Já achava tão longe essa possibilidade de encontrar a Jacilene, ficou pequena a distância através da senhora!!!
    Abraço aço.
    Paz...
    Luz...
    André Tupã

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